Vagas ociosas no Fies pode atingir 42%

Das 325 mil novas vagas de Fies abertas neste ano, entre 32% e 42% podem ficar ociosas, segundo estimativas do Semesp, sindicato do setor. No começo do ano, metade dos novos financiamentos estudantis não foi contratada e a expectativa, nesse segundo semestre, era que as 28 mil vagas remanescentes do Fies fossem preenchidas com mais facilidade, uma vez que as regras foram flexibilizadas, permitindo a inscrição até de pessoas com graduação. Porém, não é o que está acontecendo. "Fizemos uma nova estimativa na sexta-feira. Talvez só 181 mil vagas sejam preenchidas, antes nosso número era 222 mil. As exigências de renda e nota no Enem é que barram a contratação do Fies", disse Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.

Muitos estudantes desistem do Fies quando tomam conhecimento que o percentual financiado pelo programa é baixo. Pelas regras atuais, só o aluno com renda per capita familiar de meio salário mínimo tem direito a financiar 95% da mensalidade. Diante desse cenário, segundo Capelato, várias escolas estão contatando os alunos da lista de espera do Fies que não conseguiram o crédito universitário do governo e oferecendo descontos nas mensalidades para não perder a matrícula.

A nota mínima de 450 pontos no Enem tem sido apontada como outro impeditivo. Dos 8,7 milhões de alunos que fizeram o exame há dois anos, 2,35 milhões não seriam elegíveis ao Fies porque não conseguiram atingir a nota mínima exigida a partir de 2015. O diretor do sindicato ressalta que há uma contradição nessa exigência, porque os estudantes da baixa renda são os que mais precisam do Fies e ao mesmo tempo têm mais dificuldade para obter a pontuação no exame porque vieram da rede pública. Além disso, os cursos mais caros exigem notas mais elevadas.

A nota média no Enem foi de 555,2 pontos para uma mensalidade de R$ 856,51 na graduação presencial. A maior nota de corte foi registrada na graduação de medicina, cujos alunos obtiveram em média 746 pontos e a mensalidade média é de R$ 5,6 mil. Já na outra ponta estão os cursos de gestão de RH, com nota média de 450 pontos e custo mensal de R$ 366,38.

Capelato defendeu ainda uma nota de corte diferenciada para os cursos de tecnólogos. "Será que o curso de tecnólogo precisaria ter a mesma nota de corte? Talvez pudesse ser menor, em torno de 400 pontos. Entre 400 e 450 pontos há 1 milhão de alunos. Será que essa não seria a solução para ampliar minha base?", questionou.