Os reflexos da crise nas faculdades particulares
Em: 07 Maio 2018 | Fonte: Correio Braziliense | Eu Estudante
Representantes do setor reconhecem as dificuldades enfrentadas pelas instituições (responsáveis pelo maior número de cursos e alunos do país), mas descartam riscos de queda no desempenho acadêmico
Mais da metade das vagas do ensino superior estão ociosas. A diminuição das matrículas é fruto da crise econômica e do desemprego, que reduz a possibilidade de a população arcar com mensalidades, e da limitaçãodo Fies. Com menos recursos, mas precisando manter estruturas que foram expandidas nos tempos de bonança, surgem dúvidas sobre a capacidade de essas instituições manterem o nível do ensino
A qualidade dos cursos de faculdades particulares está ameaçada? O dilema é preocupante já que as instituições privadas são responsáveis pela maior fatia de graduações e universitários do país (saiba mais em Radiografia). O questionamento surge a partir de contratempos financeiros: a crise tem abalado o ensino superior particular de duas maneiras. Em primeiro lugar, com o aumento do desemprego — que atinge 13,7 milhões de pessoas de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) —, menos gente tem condições de arcar com mensalidades. Em segundo, caiu a arrecadação proveniente de repasses do Ministério da Educação (MEC) referentes ao Financiamento Estudantil (Fies). As receitas dessa fonte estão em queda desde 2014.
No primeiro semestre deste ano, o programa começou a funcionar em novo formato, com mais critérios, e será preciso aguardar para avaliar os resultados. No entanto, as sequelas do cenário de recessão podem ser observadas na diminuição do número de matrículas — entre 2015 e 2016, houve declínio de 0,2% segundo o mais recente Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) — e no aumento da quantidade de vagas desocupadas. Mais de metade das oportunidades oferecidas por faculdades não têm sido preenchidas. O índice de ociosidade chegou a 55,9% no Distrito Federal, o quarto maior do país e acima da média nacional (52,9%). Os dados são de análise do Quero Bolsa, portal que oferece descontos em instituições de ensino, com base nos números do Inep.
Pedro Balerine, diretor de Inteligência de Mercado da plataforma, ressalta que certo nível de ociosidade é natural, mas os patamares atuais são alarmantes — e a mudança no Fies é a principal causa. “O governo dava crédito para quase todo mundo. Então, a demanda ficou artificialmente inflada. Houve um movimento das faculdades de ampliar a capacidade para dar conta da procura. Um belo dia, resolvem diminuir abruptamente a quantidade de crédito, logo, haverá consequências”, explica. O fato de instituições melhorarem a infraestrutura, inaugurarem câmpus e aumentarem os existentes é positivo. O problema é quando elas passam a não ter mais quantidade suficiente de alunos para usufruir dessa base nem receitas para manter as unidades de pé.
O engenheiro da computação avalia que o corte do Poder Executivo foi acertado, mas, para as instituições, foi um grande choque. “Foram cerca de cinco anos de muita demanda, inchada pelo Fies. Houve casos de curso em que 90% das turmas tinha financiamento. As faculdades se aproveitaram disso e subiram os preços das mensalidades”, recorda. “O corte do MEC foi um movimento correto, era insustentável manter o Fies daquela maneira”, diz. “É possível criar ou extinguir crédito muito rapidamente, mas o mesmo não se pode dizer de estruturas”, analisa. E é aí que mora o perigo. Além de se depararem com alta ociosidade, para se manterem atrativas para os estudantes, as instituições precisaram abaixar os valores cobrados.
A fim de economizar, não são raros os casos de demissões de funcionários e professores. Não é de se estranhar que exista um temor de que o nível do ensino fique ameaçado. “Se a faculdade não souber fazer uma gestão eficiente das receitas, isso pode gerar consequências nefastas e comprometer a qualidade”, alerta Pedro Balerine. “O grande risco, do ponto de vista do aluno, é o impacto acadêmico.
E as consequências?
Solon Caldas, diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), e Rodrigo Capelato, diretor executivo e de Assuntos Econômicos do Semesp (que apesar do nome, Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo, tem abrangência nacional), apresentam posição semelhante quanto ao assunto: os dois confirmam o aumento da ociosidade nas vagas, mas negam que a qualidade esteja em risco. “Não existe isso porque se trata da mola propulsora de uma instituição de ensino. Os alunos são um público cada vez mais exigente que não aceitará pagar para não ter algo satisfatório”, observa Solon Caldas. “Além disso, a educação superior é um dos setores mais regulados do país”, completa.
Economista pós-graduado em tecnologia da informação (TI), Rodrigo Capelato também atribui à regulação papel importante. “Nós temos padrões de qualidade mensurados pelo Ministério da Educação, eles não mudaram, não diminuíram, continuam os mesmos e até se tornaram mais rigorosos”, afirma. Num momento de crise, aumenta ainda mais a importância de as faculdades terem alto nível para garantir empregabilidade, algo que será cobrado pelos estudantes. “Se a instituição deixar de ter qualidade neste cenário de dificuldade, aí sim, ela estará completamente fora do páreo”, destaca. Capelato relata que os estabelecimentos têm tomado medidas para economizar. “Hoje as instituições estão sofrendo bastante com essa questão de ociosidade e dos investimentos feitos. Muitas construíram laboratórios caros, por exemplo na área de engenharia. Para lidar com isso, há redução de corpo docente, remanejamento de espaços, devolução de imóveis alugados...”
Ele observa ainda que falta de verba para investir não equivale à impossibilidade de inovação. “Inovar não é só uso de tecnologia de ponta. Mudanças nos modelos acadêmicos e currículos e sala de aula invertida são exemplos disso e trazem muito mais qualidade.” Para Solon Caldas, mestre em gestão do conhecimento e TI, algo que ajuda os estabelecimentos do ramo a passarem pelo período de contenção é a gestão. “No universo das instituições privadas, a maioria está com gestão profissionalizada”, explica. Solon percebe que as empresas educacionais estão se reinventando, procurando parcerias, oferecendo crédito próprio e outras alternativas para captar alunos. Não há muitas expectativas de que o novo Fies traga tantas receitas quanto o do passado. “As modificações pioraram um pouco o modelo, restringiram e dificultaram o acesso, além de terem acabado com alguns benefícios (como o prazo de carência para pagar o financiamento depois de formado)”, aponta. Para Capelato, a mudança brusca no programa gerou descrédito. “Ele ficou tão restrito que nem nós nem os alunos acreditamos mais no financiamento estudantil.”
O que diz o MEC?
O ministério se manifestou por meio de nota. Confira:
“O Fies não pode ser um programa para sustento de instituições privadas a custo de dinheiro público. Uma instituição consolidada não terá dificuldade de manutenção por causa de menos ou mais vagas no programa. Além disso, preencher a ociosidade de vagas em instituições privadas não é atribuição do Ministério da Educação. Se o Fies se mantivesse como concebido e projetado, ele se tornaria insustentável, o que provocaria o fim da política. O novo Fies oferecerá, em 2018, pelo menos 310 mil vagas, número superior às 225 mil oferecidas em 2017. É um modelo mais justo para todas as partes envolvidas. A participação das instituições no Fies é facultativa. Destaca-se, entretanto, que as instituições assumem o compromisso de continuar prestando o serviço aos alunos que contrataram o Fies durante a sua permanência no programa.”
Palavra de especialista
Vacas magras
Neste momento de crise e contenção de despesas do MEC, instituições de ensino superior públicas e particulares enfrentam dificuldades. A grande vantagem da faculdade particular é a autonomia: ela adquire e usa o recurso como bem entender. A capacidade de gestão é melhor e a adaptação, mais rápida. Neste momento de tentar atrair novos alunos (com financiamento próprio, por exemplo), existe o risco de se esquecerem do estudante que já está lá dentro, que precisa ser estimulado. Outra ameaça à qualidade é se demitirem professores (e, em geral, cortam os mais caros, que têm mestrado e doutorado).
Marcio Magini, especialista em gestão universitária, secretário adjunto de ensino superior de Macaé (RJ), professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Radiografia
Instituições de ensino superior
Total: 2.407
Rede particular: 2.111
Rede pública: 296
Cursos
Total: 34.366
Rede particular: 23.824
Rede pública: 10.542
Matrículas
Total: 8.048.701
Rede particular: 6.058.623
Rede pública: 1.990.078
Vagas oferecidas
Total: 10.662.501
Rede particular: 9.911.651
Rede pública: 750.850
Fonte: Censo da Educação Superior (Inep)
Em busca de alunos
Além de aperfeiçoar a gestão, outro caminho para manter a saúde financeira de uma instituição e evitar efeitos negativos na qualidade é oferecer descontos, bolsas e financiamento próprios. “Há duas formas de manter a saúde financeira: aumentar o preço das mensalidades (algo complicado neste contexto) ou aumentar o número de alunos (que dá para fazer oferecendo opções atrativas)”, diz Pedro balerine, do Quero Bolsa.
A maior parte das instituições brasilienses têm apostado nesse segundo caminho, como aponta Maurício Neves, presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos Particulares de Ensino Superior do Distrito Federal (Sindepes/DF). “Não tem nenhuma que esteja conseguindo praticar o preço de tabela, até por causa da crise e do desemprego. Todas trabalham com descontos e bolsas para quem tem bom desempenho no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), por exemplo, e financiamento próprio”, observa. As que não conseguiram se adaptar à nova realidade já sofreram as consequências, fechando cursos ou parando realmente de funcionar. Neste ano, três faculdades encerraram as atividades. “O motivo foi a dependência do Fies”, conta Maurício, que prefere não revelar os nomes dos estabelecimentos. Na capital federal, porém, o presidente acredita que os efeitos das mudanças no financiamento estudantil não têm sido tão graves porque a maior parte das instituições não dependia tanto do programa. “As faculdades Brasil afora que estão passando por dificuldades tinham 80% dos alunos no Fies e abusaram, aumentando os preços para o programa”, afirma ele, que é secretário geral do Centro Universitário de Brasília (UniCeub) e espera melhora na economia para 2019.
“As instituições do DF preferiram diminuir o número de cursos oferecidos para manter só com qualidade. Os alunos são exigentes e estão até mais agora”, diz. Felipe Alves Leitão, pró-reitor da Faculdade Mauá, confirma que a ociosidade das vagas aumentou (em cerca de 50%) e que tem tentado combater a queda no ingresso de alunos com mensalidade acessível, promoções, descontos e bolsas. “Crescemos no ‘boom’ do Fies. Abrimos alguns cursos e expandimos os câmpus, porém não chegamos a ter prejuízos, continuamos com a nossa estrutura, e estamos lançando dois novos câmpus em Asa Norte e Lago Norte, totalizando seis, com 5 mil alunos, 120 professores e 150 técnico-adminsitrativos”, comenta. Apesar disso, ele admite que foram necessários reajustes na gestão.
Graduado em direito e em administração, Felipe Alves Leitão não tem boas impressões do novo Fies. “É para inglês ver, para dizer que alguma coisa está sendo feita para inserir jovens no ensino superior. O programa hoje não é feito para o filho do pobre, pois é quase impossível para quem vem de um ensino médio defeituoso tirar mais de 400 no Enem”, alerta. “Com isso, às vezes, você só preenche algumas das vagas , pois o público não tira a nota exigida.” Procurados pela reportagem, os centros universitários Iesb, do Distrito Federal (UDF), de Brasília (UniCeub); as universidades Católica de Brasília (UCB), Paulista (Unip) e Estácio de Sá; e as Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central (Faciplac) não se manifestaram sobre a temática da reportagem.
Como ficam os estudantes?
Confira relatos sobre como arcam com as mensalidades e a qualidade dos cursos*
Victor Marques/Faciplac/Divulgação
Laura Raquel Chagas Silva, 19 anos, aluna do 5º semestre de educação física na Faciplac, bolsista parcial do ProUni e beneficiária parcial do Fies, estagiária do Ministério da Saúde, filha de uma autônoma e de um microempresário, moradora do Gama.
“Tenho bolsa de 50% do ProUni, financiei o restante, mas ainda sobram uns 10% da mensalidade para eu pagar todo mês. Sem esses programas, eu não teria condições de estudar. São iniciativas muito importantes para dar mais oportunidade a pessoas como eu. O curso, os professores e a estrutura da minha faculdade são muito bons. No entanto, ao longo dos anos, minha turma diminuiu bastante: começou com 30 alunos e, hoje, tem uns 16.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Rodrigo Araújo, 20 anos, aluno do 4º semestre de medicina veterinária do UniCeub, beneficiário do Fies (70%), filho de uma secretária e de um aposentado, morador da Vila Telebrasília.
“O financiamento é excelente e essencial: sem esse benefício, eu não ingressaria no nível superior. Escolhi estudar aqui por causa da proximidade com a minha casa e pela qualidade excepcional do curso: em comparação com outras instituições particulares, acredito que é o melhor.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Viviane Lopes, 23 anos, aluna do 3º semestre de engenharia civil no Centro Universitário Iesb, beneficiária integral do Fies, filha de uma dona de casa e de um mestre de obras, moradora do Recanto das Emas.
“Eu cursava engenharia de materiais na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e, quando tive de me mudar para Brasília, procurei o Iesb pelo renome da instituição. Os meus professores são superqualificados. O Fies me deu a chance de ingressar no curso. Outro programa que ajuda pessoas de baixa renda é o ProUni. Sem esses auxílios, muita gente não teria a oportunidade de fazer uma graduação.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
João Pedro Brígida Santos, 19 anos, aluno do 2º semestre de direito da Faculdade Mauá, bolsista integral pela instituição, filho de uma maquiadora e de um vigilante, morador de Taguatinga.
“Estudei durante três meses com o Fies (que é muito importante para possibilitar que a pessoa faça um curso de peso, como direito, engenharia, medicina ou enfermagem), mas decidi abandonar por descobrir a possibilidade de ganhar bolsa de 100% se passasse a trabalhar na instituição. Isso funciona muito bem e faz com que a gente tenha mais garra para chegar adiante. Escolhi a minha faculdade pelo fato de ela apresentar bons resultados em avaliações educacionais.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Ana Karoline Silva Evangelista, 22 anos, aluna do 7º semestre de psicologia na Unip, bolsista integral pelo ProUni, filha de uma camareira e de um policial militar, moradora de Planaltina (GO).
“Cursei um ano da faculdade com o financiamento até tentar o Enem de novo e conseguir uma bolsa do ProUni. Sem isso, eu não teria conseguido ingressar no ensino superior; esses programas são fundamentais para a inserção das camadas mais pobres da sociedade. Hoje em dia, os juros de financiamento são mais altos do que quando comecei a estudar, em 2015, e há limites quantitativos, burocráticos, econômicos que atrapalham bastante. Com relação à qualidade da minha faculdade, não tenho do que reclamar: tenho coordenadores excelentes que sempre estão disponíveis para os alunos.”
Victor Marques/Faciplac/Divulgação
Kaio Felipe Assis Santos, 25 anos, aluno do 1º semestre de medicina na Faciplac, bolsista integral do ProUni, filho de representantes de venda de medicamentos, morador de Taguatinga.
“Sou da Bahia e estudei sete anos para conseguir cursar medicina de graça. Hoje, ainda recebo uma bolsa de auxílio permanência de R$ 400, fundamental para permitir a continuidade dos estudos. Com a minha nota no Enem, eu passaria em outros lugares, mas escolhi a Faciplac por ter uma tia no DF, com quem estou morando. O curso é tudo que sempre sonhei, a estrutura da faculdade é muito boa, estou amando, é a realização de um sonho. Os efeitos da crise se mostram no número de pessoas que já desistiram do curso: estamos no primeiro semestre e umas três pessoas já trancaram. Para quem não tem nenhum benefício, é muito caro custear uma faculdade de medicina.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Grasiela Meireles, aluna do 4º semestre de medicina veterinária do UniCeub, filha de uma professora e de um estatístico, moradora de Sobradinho.
“Meus pais pagam cerca de R$ 2,7 mil por mês para bancar meus estudos. Eles nem quiseram que eu tentasse o Fies para não precisar adquirir uma dívida para depois da formatura. O meu curso tem uma qualidade muito boa aqui no UniCeub. Escolhi estudar aqui pelo reconhecimento que o centro universitário tem.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Gean Kevin Correa Pessoa, 22 anos, aluno do 3º semestre de engenharia elétrica do Centro Universitário Iesb, beneficiário parcial do Fies, filho de aposentados, morador de Taguatinga.
“O Fies é essencial, e eu não estaria aqui sem esse programa. A grande vantagem é o prazo para quitar a dívida, foi isso o que me atraiu. Decidi estudar no Iesb por oferecer o curso que eu queria. Existem problemas com alguns dos meus professores, com relação à qualidade e ao método de ensino, mas são poucos, não posso generalizar, afinal existem dificuldades em toda instituição.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Gabriela Macedo Lustosa, 19 anos, aluna do 5º semestre de direito da Faculdade Mauá, bolsista integral pela instituição, filha de autônomos, moradora e Vicente Pires.
“Nunca pensei em tentar o Fies porque os juros me assustam. Além disso, tem ficado cada vez mais difícil, tanto que muitas vagas não são preenchidas. Eu já trabalhava na Mauá quando comecei a estudar aqui e, por causa disso, consegui a bolsa. A faculdade só cresce e tem excelente corpo docente.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Sarah de Sousa Soares Silva, 20 anos, aluna do 4º semestre de ciências contábeis na Unip, bolsista integral pelo ProUni, filha de uma dona de casa e de um churrasqueiro e prestador de serviços gerais, moradora do Núcleo Bandeirante.
“Apesar de achar o Fies um bom programa, eu não queria entrar no ensino superior adquirindo uma dívida. Então, eu só tinha duas opções restantes: passar numa universidade federal ou conseguir uma bolsa integral pelo ProUni. Felizmente, consegui a segunda opção. Escolhi a faculdade somente por ter sido contemplada pela bolsa. Não acredito que, em Brasília, a Unip tenha porte para ser chamada de universidade, no entanto, o corpo docente é ótimo.”
Victor Marques/Faciplac/Divulgação
Carlos Eduardo da Silva, 17 anos, aluno do 1º semestre de enfermagem da Faciplac, bolsista parcial do ProUni e beneficiário de financiamento da faculdade (25%), filho de uma empregada doméstica e de um lavrador, morador do Novo Gama.
“Eu fiz ensino médio em escola pública no Maranhão. Resolvi tentar a Faciplac por ela oferecer um financiamento próprio: o Facicred. Eu consegui bolsa de 50% no ProUni e financio 25% da mensalidade pelo programa da instituição. O resto (cerca de R$ 315) minha mãe faz um grande esforço para conseguir pagar. Mesmo tendo conseguido o ProUni, sem esse financiamento, não daria para eu estudar, não conseguiríamos pagar. Então, o Facicred ajuda muito. Estou gostando muito do curso e da estrutura.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Laís Brito de Morais de Silva, 21 anos, aluna do 4º semestre de psicologia no UniCeub, bolsista parcial pela instituição, filha de uma professora e de um militar, moradora da Asa Norte.
“Eu cursei um semestre de psicologia na Universidade de Brasília (UnB), mas não gostei do método de lá e preferi procurar uma particular para me formar mais rapidamente. Entrei no curso do UniCeub com 30% de Fies e 50% de bolsa da faculdade por causa da minha nota no Enem. Porém, no mês passado, conversei com meus pais e decidi cancelar o financiamento por causa da quantidade de problemas que comecei a ter. Além disso, ter de ir ao banco renovar contrato todo semestre era cansativo. É um programa que parte de uma ideia válida, mas acaba sendo uma política de repasse de verbas para as universidades, o que acaba mercantilizando o ensino.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Francisco Aurélio, 22 anos, aluno do 3º semestre de engenharia civil no Centro Universitário Iesb, beneficiário do Fies (90%), filho de uma dona de casa e de um mestre de obra, morador do Recanto das Emas
“Tenho uma pequena empresa de reforma e construção, mas, com essa crise, meu lucro não daria para pagar a mensalidade integral. Então, o Fies é muito importante para ajudar pessoas como eu que, sem isso, não chegariam ao ensino superior. Quando fiz minha inscrição no programa, enfrentei vários problemas, fiquei com medo de não conseguir. O meu curso é excelente, o Iesb oferece grande suporte para os alunos e temos experiência com a teoria e a prática.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Eduarda Ramalho Viana, 20 anos, aluna do 4º semestre de pedagogia da Faculdade Mauá, bolsista integral pela instituição, filha de uma microempresária, moradora do Guará.
“Sem essa bolsa, eu estaria em apuros, seria muito complicado pagar o curso. Acho muito melhor do que ter um financiamento, em que a desvantagem é pagar durante tanto tempo por um curso que você finalizou há anos. As públicas são boas, mas muito difíceis de entrar. Escolhi a Mauá por ser uma faculdade próxima da minha casa, barata e reconhecida.”
Victor Marques/Faciplac/Divulgação
Bárbara Emily dos Santos do Nascimento, 27 anos, aluna do 5º semestre de nutrição da Faciplac, beneficiária integral do Fies, estagiária de um hospital, filha de uma comerciária e de um profissional de nível médio, moradora do Gama.
“Minha primeira experiência com ensino superior foi com bolsa integral do ProUni no curso de RH na Unip. Só que eu engravidei e precisei trancar o curso para cuidar do meu filho, que hoje tem 6 anos, então perdi o benefício. Depois, consegui 100% de Fies para estudar enfermagem na Faculdade JK, aqui no Gama, também com financiamento. Só que eu estava muito desmotivada com o curso, pela falta de estrutura da instituição. Depois que soube da abertura de um curso de nutrição na cidade, resolvi mudar para a Faciplac e consegui transferir o Fies. Estou muito satisfeita com a qualidade da graduação, que é bem mais aprofundada, gosto muito de estudar aqui. Sem programas de apoio, eu não teria condições de fazer o ensino superior, mesmo trabalhando desde os 15 anos.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Rafael Barreto, 18 anos, aluno do 1º semestre de biomedicina no UniCeub, filho de uma contadora e de um militar, morador da Asa Norte
“Os meus pais bancam minha faculdade, não tenho nenhum benefício. Nem tentei Fies ou outro programa, porque pretendo mudar de estado em breve, então perderia. O UniCeub oferece um preparo muito bom, além de laboratórios de alta qualidade, algo muito importante na minha área.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Letícia Maria Fontes, 19 anos, aluna do 1º semestre de psicologia do Centro Universitário Iesb, bolsista parcial pela instituição, filha de uma cuidadora de idosos e de um autônomo, moradora da Asa Sul.
“Consegui um desconto de metade da mensalidade oferecido pela própria instituição por causa da minha nota no Enem, e foi por esse motivo que escolhi estudar aqui. Sem isso, eu teria de correr atrás do Fies (como as minhas irmãs, que estudam pelo programa), pois não teria condições de me matricular. Para pagar o restante da mensalidade, trabalho como telefonista em uma empresa de odontologia. Como toda instituição, o Iesb tem problemas, algum professor ou outro não atende à expectativa, mas ainda estou no primeiro semestre e tenho muito para ver.”
Marília Lima/Esp. CB/D.A Press
Jaqueline Dias da Rocha, 29 anos, aluna do 4º semestre de direito da Faculdade Mauá, bolsista integral pela instituição, filha de uma aposentada e de um comerciante, moradora de Vicente Pires.
“A Mauá é uma ótima faculdade, com boa estrutura de biblioteca e sala de aula, além dos bons professores. Vejo que aqui tenho a oportunidade de crescer. Ter a bolsa é um ponto muito positivo. Sem isso, caso eu fosse tentar o Fies, vejo que seria muito difícil: ultimamente, ele tem tantos critérios que barram o acesso.”