O dever institucional nos chama

Em: 14 Maio 2019 | Fonte: Estadão

Diante do chamado nacional de paralisação das atividades escolares no próximo dia 15 de maio, torna oportuno esclarecer que, de acordo com a sua identidade e vocação, independentemente de quais sejam as razões alegadas e dentro da margem de liberdade que lhes é conferida pelo contexto democrático, escolas não precisam recorrer a paralisações como forma de manifestação institucional.

A tarefa de educar envolve uma atitude de cuidado com as novas gerações e seu futuro. Ao mesmo tempo em que prepara os jovens para a vida adulta, para exercerem a cidadania de forma responsável, convém cuidar para que as novas gerações usufruam de razoável ordem social e democrática.

Os jovens brasileiros terão como legado um país a reconstruir. Será deles o desafio de superar o quadro de injustiças sociais e assegurar a reinserção do país na economia mundial.

As próximas gerações deverão experimentar intensas mudanças que transformarão modos de vida, de produção, de trabalho e de organização das relações. Terão como desafio responder e encaminhar de forma adequada à revolução tecnológica, cada vez mais ao alcance das mãos.

A insustentabilidade e desigualdade do atual sistema previdenciário já foi exaustivamente demonstrada, em quadro agravado de forma inexorável por projeções demográficas que incluem o aumento da longevidade. Em nossa perspectiva, se há aqui um conflito de interesses, a polaridade em que ele se estabelece não decorre de divergência entre classe social.

O que está em jogo é, sobretudo, um conflito de interesses geracionais: a necessidade futura dos jovens, versos a conveniência mais imediata da população acima de meia idade.

Como educadores, entendemos que se não tivermos condições de legar aos jovens um país organizado, com economia vigorosa, convém ao menos que lhes tenhamos assegurado informações claras para que possam discernir quanto aos seus interesses enquanto cidadãos.

Diante disto, é cada vez mais imperativo que estes jovens não sejam privados, em nenhuma circunstância, do acesso ao ambiente escolar. Como gestor de estabelecimento de ensino particular, entendo que nossa prioridade deva ser manter o funcionamento, recebendo os alunos diariamente, de forma a corresponder ao contrato firmado com suas famílias. Temos um calendário apertado para cumprir ao longo do ano. O atingimento dessas metas e obrigações é nosso dever institucional.

Naturalmente, a normalidade do dia escolar dependerá, em grande parte, da presença de professores e funcionários. Sabemos que a comunidade escolar é heterogênea e diversa, mas precisamos orientar os gestores escolares, pois são eles que enfrentam diariamente a relação com a sociedade.

*Ademar Batista Pereira é presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep)

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