Nova geração de recrutadores quebra resistência contra graduação on-line
Em: 30 Julho 2015 | Fonte: Folha de São Paulo
A chegada da geração Y aos cargos de gestão de recursos humanos é a boa notícia para quem fez ou cursa faculdades a distância.
Segundo dez consultores de carreiras entrevistados pela Folha, o preconceito com os graduados via computador cai à medida que nascidos desde a década de 80 e mais acostumados a recursos tecnológicos se tornam responsáveis por contratações.
"Graduados a distância já são vistos como maduros e bons gestores de tempo, capazes de se automotivar", afirma Jorge Martins, gerente da consultoria Robert Half.
Na agência de comunicação Just Digital, onde Thomas Kuryura, 36, coordena contratações, só não há um graduado a distância por falta de candidatos, segundo ele.
"O ensino a distância forma profissionais autossuficientes e organizados", diz.
Kuryura fala com autoridade. Formado presencialmente em administração, ele atualmente cursa a distância a graduação em processos gerenciais da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas).
Os aperfeiçoamentos da tecnologia e dos mecanismos de avaliação também têm parte na mudança de visão.
Pedro Silveira/Folhapress | ||
Neide e Sara Rodrigues, mãe e filha que foram colegas na graduação a distância, em casa em MG |
"O Enade [exame aplicado a concluintes do ensino superior] analisa os alunos, e não o método", diz Lúcia Almeida, da consultoria MSA RH. "Se os alunos a distância forem bem avaliados, as faculdades também serão", diz.
Até mesmo a eventual falta de uma rede de contatos profissionais -que, em geral, é criada na faculdade convencional- é vista como lacuna contornável. "Muito do 'networking' já não é ao vivo. Pense nas suas discussões. Quantas delas, por computador, não são mais profundas do que as presenciais?", diz Guilherme Ferreira, da Repense.
"Em um país desse tamanho, com falta de mão de obra especializada em muitos setores, não há como virar as costas para tanta gente", diz Juliano Balarotti, sócio da consultoria Asap.
FÁCIL
Única federal com graduação a distância avaliada com nota máxima pelo MEC, a Ufla (Universidade Federal de Lavras) oferece educação a distância desde 2006.
Ronei Martins, coordenador pedagógico da universidade, considera que algumas instituições de ensino alimentam o preconceito.
"As faculdades pagas só falam de facilidade de se matricular e de preços nos anúncios. Precisam falar também da qualidade do conteúdo", diz Martins. "Faculdade a distância não é moleza."
Sara Rodrigues, 25, concorda. Aluna de veterinária da Ufla, cursou de modo paralelo administração pública, via computador, na mesma universidade. "Curso a distância requer responsabilidade. O conteúdo está lá, os tutores ajudam, mas o aprofundamento depende de você", diz.
Sara se formou em fevereiro com a mãe, Neide Rodrigues. A matriarca, 51, diz tersofrido mais no curso a distância que na sua graduação original, em contabilidade.