MEC libera polos de educação a distância

Em: 22 Junho 2017 | Fonte: Valor Econômico

O Ministério da Educação (MEC) liberou, ontem, pelo menos 10 mil novos polos de ensino a distância, ou seja, praticamente o dobro do que existe hoje. No entanto, é pouco provável que todas essas unidades entrem em operação no curto prazo devido à falta de demanda de alunos e capacidade de investimento das instituições de ensino. Especialistas do setor acreditam mais na tese de que o aumento da concorrência levará ao surgimento de novos modelos de cursos on-line.

Hoje, cerca de 200 instituições de ensino estão autorizadas a oferecer cursos on-line de graduação. As novas regras do governo determinam que as escolas que obtiveram do MEC o conceito 5 podem abrir 250 polos, aquelas com nota 4 têm direito a 150 unidades e as instituições classificadas com 3, que representam a maioria, podem ter 50 novos polos a cada ano.

"A tendência agora é a diversificação nos formatos dos cursos. As instituições podem, por exemplo, fazer parcerias entre elas porque nem todas têm capacidade para oferecer ensino a distância. preciso ter recursos para investir em tecnologia e marketing. No interior, muitas escolas conseguiram o credenciamento do MEC, mas não levaram o projeto adiante por falta de escala", disse Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, sindicato do setor.

Para Luiz Trivelato, sócio da consultoria Educa Insights, as atenções do setor estavam focadas em quantidade de polos, "mas essa estratégia se quebrou com a liberação do MEC. Agora, faz mais sentido olhar o produto, conteúdo e a marca da instituição para se diferenciar", disse Trivelato. Ele pontua que esse é um caminho para concorrer com os grandes grupos que têm a seu favor a escala e dinheiro em caixa.

O analista do Santander, Bruno Giardino, também aposta que a principal tendência é a diferenciação no mercado de ensino a distância, mas lembra que há grandes companhias já preparadas para investir na abertura de polos e que vão por esse caminho. Esse é o caso da Ser Educacional que informou ontem a abertura de 100 novas unidades neste segundo semestre e a partir de 2018 usará toda a cota à qual tem direito, ou seja, 300 polos por ano.

A Kroton, autorizada a abrir 200 polos, também deve colocar em prática seu projeto de expansão, uma vez que já havia solicitado ao MEC a abertura de 232 unidades. A Estácio informou que analisará a possibilidade de abrir os polos autorizados no momento oportuno.

No entanto, essa é uma realidade para um grupo pequeno de escolas. "Não haverá uma abertura desenfreada de polos. As escolas vão analisar a viabilidade e demanda devido ao cenário econômico atual. É preciso ter pé no chão", disse Sólon Caldas, diretor executivo do ABMES, entidade das mantenedoras de ensino.

Segundo levantamento do Santander, entre as quatro companhias listadas em bolsa, a mais beneficiada com a portaria do MEC é a Anima que poderá abrir entre 350 e 450 novos polos por ano. Hoje, o grupo tem 52 unidades para essa modalidade de aprendizado.

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