Graduações que já foram de excelência no Rio recebem conceito ruim

Em: 10 Março 2017 | Fonte: O Globo

Jornalismo na UFF e na Uerj e Direito na Ucam estão entre os ‘reprovados’ pelo MEC

RIO - Cerca de 7% dos 620 cursos de graduação avaliados no estado do Rio obtiveram conceito 2, numa escala de 1 a 5 no índice usado pelo Ministério da Educação (MEC) chamado Conceito Preliminar de Curso (CPC). O índice avalia a qualidade do curso a partir das notas dos alunos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), além de infraestrutura, instalações e corpo docente. Isso significa que 43 graduações fluminenses — 19 delas na capital, algumas antes tidas como de excelência — tiveram baixo desempenho e passarão por supervisão do MEC. Dentre elas, três são públicas: a graduação em Jornalismo da Uerj; em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da UFF, em Niterói; e em Ciências Contábeis também da UFF, mas em Miracema. O conceito 2 foi a nota mais baixa registrada no Rio, onde nenhum curso recebeu conceito 1.

Entre as universidades particulares, a que mais teve cursos com nota 2 no Rio foi a Cândido Mendes. Nove cadeiras da instituição, no Rio e em Nova Friburgo, receberam a nota fraca: Direito, Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Tecnologia em Design de Moda e Tecnologia em Processos Gerenciais. A segunda instituição, entre as privadas, a acumular mais cursos com nota 2 foi o Centro Universitário Abeu, nas graduações de Administração e Ciências Contábeis, em Belford Roxo, e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, em Nilópolis.

Os dados são do relatório “Indicadores de Qualidade da Educação Superior 2015”, divulgado quarta-feira por MEC e Inep. Todas as instituições e cursos que receberam notas 1 e 2 devem apresentar ao MEC planos de melhoria antes das visitas que serão feitas por equipes da pasta. O MEC calcula agora quantos desses cursos tiveram indicadores insatisfatórios duas vezes consecutivas para aplicar medidas cautelares, que vão da suspensão de abertura de vestibular até a desativação do curso.

Para o coordenador do curso de Comunicação Social da UFF, Adilson Cabral, o baixo conceito de Jornalismo, que é uma das habilitações dessa graduação, é reflexo de dois fatores: o boicote de muitos alunos à prova do Enade, em crítica ao formato da avaliação, e a falta de verba repassada à instituição.


— Estamos desde 2005 com a promessa de um prédio novo para o Instituto de Artes e Comunicação Social. Isso é constantemente postergado, e agora a expectativa é de que seja concluído até ano que vem — conta ele. — Acredito que, quando isso acontecer, a estrutura do curso melhorará. Sofremos com a falta de políticas voltadas para o ensino superior público.

Em nota, a Universidade Cândido Mendes informou que “A UCAM valoriza muito a avaliação do MEC e se prepara para apresentar resultados melhores a cada dia, para o conjunto de suas unidades. É importante frisar, no entanto, que a quase totalidade dos cursos da Universidade obteve notas 3 e 4 no ENADE, e a nossa nota no Índice Geral de Cursos (IGC) — avaliação das IES pelo MEC — é de 3 (três), numa variação de 1 a 5, conforme publicação do INEP na data de 8/3/17. Vimos promovendo melhorias e tomando as providências necessárias para adequar nosso ensino aos novos desafios do mundo do trabalho e às demandas da sociedade. E estamos, neste momento, em um processo de reestruturação para garantir a otimização do nosso desempenho, com ganhos de qualidade para nossos alunos, professores e funcionários”.

A reportagem não conseguiu entrar em contato com o coordenador do curso de Ciências Contábeis da UFF em Miracema. A Uerj e o Centro Universitário Abeu não responderam.

Para o diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Sólon Caldas, é natural que a maioria das notas fracas fique com instituições particulares, porque são mais numerosas:

— Do total das universidades privadas do país, 88% são particulares. Então é esperado.

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