Financiamento estudantil beneficia o país com capacitação de brasileiros
Em: 06 Agosto 2015 | Fonte: G1 / Jornal Nacional
Em 2013, de cada cem alunos sem Fies, 23 pararam de estudar no 1º ano do curso, o que só aconteceu com quase 7 em cada cem da turma do Fies.
O Jornal Nacional mostrou, na terça-feira (4), por que o governo brasileiro impôs restriçõesnovas ao Fies, o Financiamento Estudantil.
Nesta quarta-feira (5), os repórteres Phelipe Siani e Fábio Turci mostram que não são só os estudantes que precisam desse financiamento para crescer e melhorar de vida. O país também se beneficia muito com isso.
Até hoje, Samuel dedicou toda a vida profissional dele a colorir a casa dos outros. Mas de tanto fazer isso, ele passou a reparar mais nos apartamentos que pintava e decidiu ir muito além do pincel e do rolo.
Em breve, o Samuel não vai mais precisar ficar limpando mancha de tinta pelo corpo depois de um dia de trabalho. Daqui a um tempo, tinta para ele só as das canetas, é que as ferramentas que ele usa em processo de transição, estão ficando mais específicas.
Sim, o pintor de paredes vai virar arquiteto. Grana para transformar pincel em lapiseira, ele não tinha. Mas com dinheiro emprestado do governo para se pagar lá na frente, ele já está no fim do curso.
"É uma dívida que, com o seu estudo, você consegue quitar ela tranquilamente", disse Samuel Mariano, pintor.
Paulo é do interior do Paraná, foi para os Estados Unidos para mudar de vida. E mudou. Fez faculdade e mestrado. Mas se não fosse o dinheiro emprestado pelo governo americano, não daria para pagar, não.
“Quando você olha os custos, para alguém que vem do Brasil, de origens humildes, são montantes que desincentivam você”, disse Paulo Kluber, mestre em Negócios Internacionais.
Com o salário que recebe, ele acha que, em oito anos, consegue pagar as dívidas de US$200 mil dólares, R$600 mil reais.
“Eu não me arrependo nem um segundo. Esse investimento em você mesmo vale muito a pena, mesmo que você tenha esse compromisso por um bom tempo depois da formatura”, contou Paulo Kluber, mestre em Negócios Internacionais.
Paulo estudou em duas boas universidades. Mas não é sempre assim. Martha Kanter, que foi subsecretária de Educação, conta que muito aluno recebe o dinheiro, mas estuda num curso ruim.
“O governo está tentando criar um jeito de garantir a qualidade do ensino. Assim, a gente vai saber que as escolas vão formar estudantes prontos pro mercado e pra sociedade", apontou Martha Kanter.
E financiamento estudantil acaba sendo um bom incentivo para os alunos chegarem até o fim do curso, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, onde, em 2013, de cada cem alunos sem Fies, 23 pararam de estudar no primeiro ano do curso. O que só aconteceu com quase 7 em cada cem da turma do Fies.
Ou seja, com menos financiamento, vai ficar mais difícil atingir o Plano Nacional de Educação: 30% dos jovens brasileiros têm diploma de faculdade. E a meta é chegar a 50% em 2024.
“Sem Fies a gente não chega lá, sem Fies o Plano Nacional de Educação não pode ser cumprido. Uma meta pro Brasil se equiparar a países, como Argentina, Chile, Colômbia, Peru, que já são mais que 50%, nem compara com EUA que é acima de 70% ou países que é do primeiro mundo”, disse Ryon Braga, especialista em educação superior.
E a ideia, segundo o ministro da Educação é chegar lá, mas não de qualquer jeito.
“Nós temos que ter essas pessoas com ensino de qualidade, fazer uma coisa dessa só é fácil. Chegar a 50% com má qualidade é fácil, ficar com 20% e melhorar a qualidade é fácil nós temos que fazer as duas coisas”, disse Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação.
E, se isso acontecer, todo mundo ganha, inclusive o governo.
“Esse tipo de programa, financiamento educacional, ele só fica de pé, só funciona bem se o aluno ao sair da universidade for uma pessoa diferente daquela que entrou, ele for uma pessoa com uma empregabilidade muito maior e com uma capacidade produtiva no mercado de trabalho muito maior”, opinou Samuel Pêssoa, professor de economia da FGV.
“É mais gente qualificada no mercado de trabalho, mais gente ganhando mais, mais gente pagando mais imposto e gente com condição de devolver o que o governo emprestou. Há desenvolvimento no país, então ganha o jovem, ganha o governo e ganha o país como um todo”, explicou Ryon Braga.