Fies terá 115 mil vagas não preenchidas no 1º semestre que podem ser remanejadas
Em: 15 Abril 2016 | Fonte: Reuters
IPOJUCA(Reuters) - Das 250 mil vagas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no primeiro semestre, 115 mil não foram preenchidas e poderão ser remanejadas, informaram associações que representam o setor de educação privada nesta quinta-feira.
Segundo o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, entidade que reúne as sete principais associações do segmento, a iniciativa melhora a distribuição das vagas do Fies, mas ainda não resolve totalmente o problema.
O Ministério da Educação autorizou em março o remanejamento das vagas pelas instituições de ensino, que será disponível para os alunos na lista de espera do financiamento estudantil.
A expectativa do diretor-executivo do Fórum, Sólon Caldas, é de que só 10 por cento das 115 mil vagas sejam preenchidas. Segundo ele, as regras de concessão do financiamento restringem preencher as vagas. A exigência de 450 pontos da nota do Enem é considerada elevada. Ao mesmo tempo, os estudantes contemplados devem ter uma renda per capita de até 2,5 salários mínimos.
"Quem tem renda não tem ponto e quem tem ponto não tem renda. Quanto menor a renda, pior a nota (no Enem)", disse.
No segundo semestre do ano passado, 40 por cento da vagas não foram preenchidas. O edital da ocasião referia-se apenas ao período e as vagas foram perdidas. Como agora o edital menciona o ano de 2016, a expectativa do Fórum é de que o MEC autorize que as vagas não preenchidas do primeiro semestre a sejam utilizadas na segunda metade do ano.
O executivo disse ainda que os alunos contemplados não estão obtendo 100 por cento do financiamento.
"Muito poucos casos têm 80 ou 90 por cento das mensalidades (financiadas). A grande maioria tem que pagar 30,40 ou 50 por cento", disse Sólon.
O aluno fica ciente do volume de contribuição ao cadastrar o financiamento, o que gera frustração e muitas vezes a desistência pela convicção de que não poderá pagar.
Segundo Sólon, o MEC tem mostrado disposição para buscar suma solução para o problema.
"O MEC já está convencido que vagas prioritárias (para cursos de formação de professores, engenharia e saúde) não é o caminho", afirmou.
Ele disse que não há interesse em cursos de pedagogia e que há muita evasão em engenharia. Em medicina, as faculdades acabam não disponibilizando vagas porque o processo seletivo é feito no fim do ano e o Fies só é liberado em fevereiro. Pela alta demanda pelo curso, as vagas são preenchidas antes deste prazo.
A proposta do Fórum é de que a nota mínima no Enem seja flexibilizada para 400 pontos e que a renda mínima per capita suba para 3 salários mínimos.
Além disso, o Fórum sugere que o estudante possa optar pelo nível de financiamento, entre opções de 100, 75 e 50 por cento do valor do curso. Hoje o percentual é determinado pelo MEC. O Fórum também que as instituições tenham controle da lista de espera, para agilizar o processo, hoje controlado pelo MEC.