Federação diz não acreditar em ampliação do Fies em 2015
Em: 14 Maio 2015 | Fonte: Portal G1
Escolas particulares dizem que governo não tem 'diálogo'e 'transparência'.
Setor está 'desconfiado' com o programa, diz Fenep.
Amábile Pacios, presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) (Foto: Khátia Mello/G1)
A presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios, disse nesta quinta-feira (14) que a entidade não acredita na continuidade do Fies no segundo semestre de 2015.
"Nós não estamos acreditando no programa este ano. Não estamos. Nós estamos achando que o que conseguimos até aqui foi uma vitória, manter um milhão e 900 mil contratos antigos e 250 mil novos já foi uma vitória. Não contamos com ampliação neste momento". Segundo ela, o setor da educação é sempre animado, mas com o Fies o setor está "desconfiado".
Nesta tarde, em Brasília, o ministro da Educação, Janine Ribeiro, disse que tem negociado com o Ministério da Fazenda e com a Presidência o lançamento de uma segunda edição do Fies no segundo semestre deste ano. A resposta deve sair em "duas ou três semanas", segundo Ribeiro.
Apesar o clima desfavorável entre as escolas, a presidente da Fenep disse que estão sendo estudadas novas alternativas para os estudantes. Amábile citou como exemplos as parcerias com bancos privados, com bolsas próprias sem necessidade da dependência do programa do governo federal.
A instituição ainda não tem uma estimativa de quantos estudantes deixaram de frequentar as escolas por falta de pagamento. "Em junho nós teremos esse dado quando começarmos a matrícula para o segundo semestre. Vamos poder comparar aqueles que iniciaram e terminaram", explicou.
A discussão sobre o Fies fará parte de um painel especial da oitava edição do Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, que ocorre durante dois dias em São Conrado, na Zona Sul do Rio. São cerca de 500 presidentes das principais associações e mantenedoras de Ensino Superior do país, discutindo o tema "Brasil: realidade e tendências para a Educação Superior.
Os representantes da Fenep e a Semesp também reclamaram da falta de "transparência" e "diálogo" do governo com as entidades. Eles disseram que foram surpreendidos com a edição das portarias publicadas no final de 2014, que alteraram as regras do Fies.
"A gente imaginava que o programa pudesse crescer e que a gente pudesse oferecer capacitação do ensino superior para quem quisesse. Com o corte no Fies, o setor sofre um baque", disse Amábile.
Segundo Thiago Rodrigues Pêgas, vice-presidente do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), já existem alunos que estão deixando cursos por não querer correr o risco de assumir dividas que não vão poder pagar. Ele afirmou que acredita no aumento da evasão escolar.
"O corte o setor vai se ajustar. Algumas vão sofrer mais, outras menos. O maior problema foi a incerteza e o momento que se cortou. Se tivesse sido feito em novembro ou em outubro, as universidades não teriam feito esforço de captação tão grande para trazer quem não ia ter acesso ao financiamento", disse Pêgas.
Segundo ele, boa parte das regras não estão regulamentadas, como o teto para reajuste da mensalidade semestral em 6,4%.
oitava edição do Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, que ocorre durante dois dias em São Conrado, na Zona Sul do Rio (Foto: Khátia Mello/G1)