Faculdades questionam viabilidade do Fies

Em: 21 Julho 2016 | Fonte: Valor Econômico

A Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), entidade que representa 1,2 mil faculdades privadas, questiona a viabilidade do Fies, financiamento estudantil do governo, com os atuais abatimentos exigidos. Hoje, as instituições de ensino arcam com 28% do valor da mensalidade do curso. "No atual modelo, o Fies gera receita mas não é rentável. A margem das escolas é de 10% e o percentual de descontos é muito maior", diz Janguiê Diniz, presidente da ABMES.

Na semana passada, o MEC anunciou que as instituições terão que arcar com outros 2% da mensalidade. Esse percentual refere-se à taxa de administração cobrada pelo Banco do Brasil e CEF para o financiamento estudantil. "Somos contra esse acréscimo de 2%. É uma contribuição momentânea do setor", ressalta Janguiê. Além disso, as escolas precisam dar um desconto de 5% nas mensalidades pagas com o Fies e reverter 6,25% ao FGFUC (fundo garantidor em casos de inadimplência). O FGDUC arca com 90% da inadimplência e os outros 10% são pagos pelas escolas e governo. Dessa fatia residual de 10% não coberta pelo FGDUC, 15% são pagos pelas escolas e o restante pelo governo. "Estamos gerando um passivo futuro que não sabemos o tamanho", diz.

Pesquisa encomendada pela ABMES com 1 mil pessoas entre 18 e 30 anos e ensino médio completo mostra que 78,9% dos entrevistados têm interesse em ingressar no ensino superior, mas 50,5% disseram não ter condições financeiras para pagar uma faculdade particular. "Esses dados mostram a importância de programas sociais como Fies, Prouni e Pronatec", diz Sólon Caldas, diretor executivo da ABMES. Um dado que chama atenção na pesquisa é que 63% dos entrevistados aprovam a regra que exige uma nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o estudante ser elegível ao Fies.

Segundo Janguiê, com a criação de 200 mil novas vagas de Fies por ano, as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) não vão ser atingidas. "Em 2024, menos de 23% dos jovens com idade entre 18 e 24 anos estarão no ensino superior. A meta é que sejam 33%", afirma.

A pesquisa mostra ainda que o curso mais procurado é o de medicina, seguido por direito, engenharia e administração. O curso de pedagogia é um dos com menor demanda. Os cursos para formação de professores são considerados prioritários na concessão do Fies. Caldas lembrou que o MEC fez ajustes e reduziu o número de vagas do Fies destinadas às licenciaturas. A pesquisa foi feita em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus, Recife, Belém e Florianópolis entre os dias 6 e 10 de junho.

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