Ensino superior sem a presença da classe C
Em: 04 Julho 2017 | Fonte: DCI
É mais da metade da população do país e ficou sem alternativas para ingressar no ensino
A reformulação do FIES, em 2010, que reduziu a taxa de juros e ampliou os prazos de carência e de amortização do programa de financiamento do governo, aumentou exponencialmente o crescimento da educação superior no Brasil. O número de alunos financiados saltou de 76 mil em 2010, para 732 mil em 2014.
No entanto, com a crise econômica do início de 2015, o volume de beneficiários do FIES foi reduzido drasticamente, e atingiu em cheio a Classe C, que representa mais da metade da população do país e ficou sem alternativas para entrar no ensino superior.
Uma pesquisa sobre os anseios dos jovens dessa classe realizada pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), em parceria com o Instituto Data Popular, revelou que somente metade dos entrevistados ainda espera contar com o FIES para ter acesso à educação superior. Ao mesmo tempo, quase dois terços não acreditam que a universidade pública lhes seja acessível. E dos que ainda pensam a possibilidade, sabe-se que praticamente 100% não terão condições, porque a base escolar que lhes foi oferecida pela rede pública mostrou-se bastante deficiente.
Embora não exista nenhuma solução, que possa substituir com o mesmo resultado o papel do FIES para a inclusão da Classe C no ensino superior brasileiro, algumas alternativas têm sido consideradas, mas elas implicam o aperfeiçoamento da legislação vigente e a realização de campanhas de esclarecimento.
O crédito educativo próprio das IES, por exemplo, tem capacidade limitada por não permitir a cobrança de juros. As graduações a distância (EAD), cujos custos são mais acessíveis, exigiria uma mudança nos modelos de cursos para que a oferta seja mais qualificada e diversificada. E o curso superior de tecnologia (CST), uma modalidade que em todo o mundo é extremamente difundida, no Brasil não têm a mesma aceitação.
Aumentar o acesso da Classe C ao ensino superior exige a manutenção de um programa sustentável de financiamento estudantil, nos mesmos volumes alcançados pelo FIES em 2013 e 2014. E, sem ele, tudo indica que o Brasil não conseguirá evoluir na expansão da educação superior, nem tampouco ampliar a produtividade da economia e estimular o próprio desenvolvimento econômico do país.