Educação a distância deve ter novas diretrizes e se aproximar da presencial

Em: 30 Julho 2015 | Fonte: Folha de São Paulo

Especial aborda o velho preconceito e os novos desafios da escola virtual, que já educa mais de 1 milhão de pessoas no Brasil

A educação a distância pode ganhar em breve um novo marco regulatório: o Conselho Nacional de Educação (CNE) discute novas diretrizes para essas graduações.

As normas mais recentes foram publicadas em 2010 e, desde então, o número de cursos on-line cresceu 35,2% em comparação a 2013 (dado mais atualizado).

O objetivo é aumentar a integração entre o ensino a distância e a proposta pedagógica da instituição. "Não é para ser um projeto que receba tratamento à parte", afirma o conselheiro Luiz Roberto Curi, presidente da comissão do CNE que analisa o tema.

Por isso, o documento prevê "ampla articulação" entre cursos presenciais e a distância, ao mesmo tempo em que garante "organização própria e diferenciada" dos polos da modalidade no país.

Esse, aliás, foi um dos aspectos mais elogiados por especialistas e entidades que participam do debate.

Hoje, há um padrão nacional a ser seguido -como presença de biblioteca, sala de professores, laboratório de informática e espaços de estudo individuais e em grupo.

"Todo polo segue basicamente o mesmo modelo de infraestrutura e de funcionamento. E é o projeto pedagógico que vai definir isso. Esse é um grande avanço", diz Luciano Sathler, diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed).

A proposta de resolução prevê "níveis diferenciados de atividades, virtual ou eletrônica" dos polos -hoje, são 5.327 em todo o país.

"Temos múltiplas possibilidades e diversidade de modelos e propostas. E o processo de avaliação atual não atende as especificidades do sistema", afirma Ivete Martins Pinto, presidente da UniRede, entidade com foco no ensino virtual que reúne 60 instituições públicas.

Apesar de apontarem avanços nas novas regras, instituições também veem limitações na proposta. A principal é a da manutenção de um credenciamento específico para a oferta de EaD.

"Isso é muito moroso e não faz sentido: se é uma instituição que já atua no [formato] presencial, deveria ser mais rápido", diz Sathler. Também há críticas à exigência de polo para todo tipo de curso a distância.

"Talvez a EaD seja a única oportunidade [para estudar] de pessoas que moram em lugares remotos, onde não vai ter nunca [uma instituição de ensino superior]. A resolução poderia ser mais moderna, mas demos um grande passo", afirma Elizabeth Guedes, diretora-executiva da Abraes (Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior).

A expectativa é que o texto final da resolução seja aprovado pelo conselho em setembro, para então ser analisado no Ministério da Educação. As regras entrarão em vigor após aval do órgão. 

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