Campanhas debatem educação

Em: 04 Setembro 2014 | Fonte: Valor Econômico

Apesar dos avanços no ensino superior, a educação básica ainda é a principal mazela no setor. O investimento na formação de professores, a contenção da evasão no ensino médio e o reforço do orçamento do Ministério da Educação (MEC) são os caminhos apontados para aprimorar a qualidade do ensino brasileiro, em debate que reuniu os representantes dos principais candidatos à Presidência da República nesta semana, em Brasília.
 
No debate para discutir as propostas dos três principais presidenciáveis, Maria Alice Setubal, representante da campanha de Marina Silva (PSB), foi a mais assediada pela imprensa e pelos dirigentes das instituições de ensino superior que acompanharam a discussão. Neca, como é conhecida, é educadora há mais de 20 anos, fundadora do Centro de Pesquisa para Educação e Cultura (Cenpec) e coautora do programa de governo da pessebista.
 
Cercada pelos jornalistas, ela negou o clima de "já ganhou" na campanha e minimizou os ataques a Marina. "Como a nossa candidata lidera as pesquisas, vira o foco das críticas". Sobre as comparações da campanha petista de Marina a Jânio Quadros e Fernando Collor, Neca disse porque são incabíveis. "O perfil é outro, Marina está sintonizada com as questões contemporâneas".
 
Nenhum dos debatedores apresentou, contudo, soluções concretas, ou a curto prazo, para melhorar a educação brasileira. O ministro da Educação, José Henrique Paim, que representou a presidente Dilma Rousseff (PT), disse que o Brasil "teve um despertar tardio pra educação", mas ressaltou a expansão do ensino superior nos quase 12 anos de gestões petistas, devido ao Prouni e ao Fies. Foi um recado à plateia, formada em sua maioria por dirigentes das instituições privadas de ensino superior. O número de matrículas nas universidades saltou de 3,5 milhões em 2003 para 7,1 milhões até meados deste ano.
 
Neca Setúbal destacou o déficit de concluintes do ensino médio e a evasão no ensino superior como mazelas a serem combatidas. Neca acha que é preciso discutir a "função social das universidades" e indicou exemplos de intervenção das instituições em comunidades de vulnerabilidade social. Ela criticou o programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal, que dá bolsas para alunos brasileiros estudarem no exterior. Para Neca, muitos vão para o exterior sem conhecer a fundo a realidade brasileira.
 
Representante da campanha de Aécio Neves (PSDB), a ex-secretária-executiva do MEC Maria Helena Guimarães disse que a prioridade máxima deve ser a formação de professores, e defendeu a manutenção do ProUni e do Fies. "A inclusão foi feita, agora precisamos de inclusão com qualidade", sustentou. Partiu dela a única alfinetada ao governo Dilma Rousseff: "Temos a dificuldade de conviver com essa politica econômica, que tem altos e baixos, e que leva insegurança jurídica ao setor privado".
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