Calote nas universidades privadas atinge o maior nível em cinco anos
Em: 12 Julho 2016 | Fonte: TV Globo - Bom Dia Brasil
Crise econômica ajuda a explicar aumento de 9% na inadimplência do setor.
Situação piorou depois dos cortes no Fies e do aumento do desemprego.
Alunos das universidades privadas estão atrasando o pagamento das mensalidades e o calote atinge o maior nível dos últimos cinco anos. A inadimplência piorou depois dos cortes no Fies, mas não é só isso.
A crise econômica e o aumento do desemprego também ajudam a explicar o aumento de quase 9% na inadimplência do setor, no ano passado. Já tem estudante pensando em abrir mão do curso.
O analista de suporte Wellington Macedo está pensando em desistir da faculdade de rádio e TV. Apesar da bolsa de 50% do Prouni, ele não está conseguindo pagar a outra metade da mensalidade: R$ 715. A faculdade informou que, das sete mensalidades deste ano, quatro estão atrasadas.
“Eu tenho necessidade de ajudar em casa e outras coisas também, o que acaba complicando.
Bom Dia Brasil: Corre-se o risco de você ter que abandonar, por enquanto, o curso?
Wellington: Infelizmente, sim, é o mais provável, vamos dizer assim.
Uma pesquisa mostra que a inadimplência nas instituições de ensino superior no ano passado foi de 8,8%, um aumento de quase 13% na comparação com 2014. Para o sindicato que reúne as instituições de ensino superior, o crescimento da inadimplência foi em função da crise econômica, do aumento do desemprego e, principalmente, por causa da falta de financiamento estudantil.
Segundo o Ministério da Educação, o número de novas vagas do Fies caiu. Em 2014, foram 732 mil contratos. Em 2015, 313 mil. Já este ano são 325 mil – 250 mil no primeiro semestre e só 75 mil agora no segundo semestre.
Enquanto isso, o desemprego só aumenta. Ficou em 11,2% no trimestre encerrado em maio, com quase 11,5 milhões de pessoas desocupadas. O diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, acredita que, apesar da crise, a inadimplência, este ano, deve se estabilizar.
“Não que isso seja um dado muito positivo, porque ela se estabiliza, mas se estabiliza num patamar mais elevado. Mas dadas as circunstâncias de que a instituições estão mais preparadas e os alunos também estão mais receosos de assumir dívidas, a inadimplência não deve continuar crescendo”, disse Rodrigo Capelato.
O sindicato disse também que as faculdades menores sofrem mais do que as grandes com a inadimplência porque não conseguem oferecer crédito educativo próprio ou seguro educacional.