Após duas quedas, aumentam as aquisições e fusões no setor de varejo
Em: 13 Fevereiro 2017 | Fonte: Folha de S.Paulo
As aquisições de empresas do setor de varejo se tornaram mais comuns no ano passado em relação aos dois anteriores, segundo dados da KPMG. Foram 27 em 2016, contra uma média de 18,5 nos anos de 2015 e 2014.
O aumento é positivo, pois indica que há um número crescente de companhias que colocaram em andamento planos de longo prazo, diz Luis Augusto Motta, diretor de finanças da consultoria.
A alta pode representar um represamento de transações que se arrastaram nos anos anteriores, afirma. "Aquisições que haviam sido postergadas e cujas negociações demoraram para acontecer finalmente deslancharam."
O prolongamento da crise fez com que as expectativas de preços de vendedores e compradores convergissem.
"Em um primeiro momento de queda de PIB, os vendedores ainda queriam receber valores semelhantes ao da época em que a economia ia bem. Depois de um tempo, eles vendem, pois precisam."
Essa é uma solução que empresas em recuperação judicial buscam com frequência, afirma Fábio Pina, da FecomercioSP. "Negócios nessa situação precisam dar uma resposta para a crise deles, e muitas vezes é a venda."
Com a chance de retomada econômica em 2017, deve rá haver um novo aumento de operações, pois os ativos ainda estão com preços menores, diz ele.
Os setores com mais transações no ano passado foram os de drogarias e vestuário.
O que estou lendo
JOSÉ JANGUIÊ DINIZ, presidente do conselho do grupo Ser Educacional
Inovação é o tema da leitura de cabeceira do acionista majoritário da Ser Educacional, José Janguiê Diniz, também presidente da Abmes (das empresas de ensino superior).
O livro "Os Verdadeiros Herois da Inovação", do inglês Matt Kingdon, conta as histórias de sucesso e dificuldades encontradas por empreendedores que conseguiram renovar suas companhias, afirma Diniz.
"Como gestor, é extremamente motivador por falar de um ponto de vista prático de como aplicar a criatividade na gestão, para alavancar o crescimento."
Energia nas compras
As aquisições nos setores de energia, gás e água movimentaram € 329 bilhões (R$ 1,09 trilhão) em 2016, segundo a A.T. Kearney.
O valor é 72% superior ao observado em 2015, ainda que as 1.040 transações feitas representem uma queda de 4% no número de negócios, aponta a consultoria.
Com a negociação de empresas cada vez maiores, a disparidade entre essas variações deverá ser uma tendência, diz Claudio Gonçalves, diretor na unidade brasileira da A.T. Kearney.
As companhias da China, que triplicaram os aportes na Europa desde 2013, foram as maiores responsáveis por movimentar o mercado, segundo o executivo.
"No Brasil, há um grande potencial de aquisições pelas chinesas, sobretudo no setor de energia renovável", afirma.
"Muitas das empresas recentemente compraram participações para aprender sobre o mercado e, agora, deverão aumentar o volume de investimentos diretos."
Presença no exterior
O número de franquias brasileiras fora do país chegou a 138 em 2016, quatro a mais que em 2015, segundo a ABF, associação do setor.
A expansão de marcas no exterior deverá ganhar velocidade a partir de 2017, segundo a entidade.
"Leva cerca de três anos entre o planejamento inicial da empresa e a abertura fora do país. Até 2013, ainda havia muita oportunidade no mercado nacional", diz Claudio Tieghi, diretor da ABF.
"Ao considerarmos esse período de maturação, nossa expectativa é que o número de 138 marcas dobre até 2022."
O país que mais recebeu operações brasileiras no ano passado foram os Estados Unidos, impulsionado principalmente pela instalação de franquias na Flórida.
As cerca de 1.300 empresas associadas à ABF faturaram R$ 151,25 bilhões em 2016, uma alta de 8,3% em relação ao ano anterior.