Alunos encontram nos empréstimos bancários uma alternativa para o Fies

Em: 30 Março 2015 | Fonte: TV Globo

Mas não existem no mercado opções com juros iguais aos oferecidos pelo programa do governo de financiamento estudantil, de 3,4% ao ano.

O novo ministro da Educação terá que enfrentar alguns problemas. Um dos primeiros: os cortes nos programas de ensino universitário. Muitos alunos não conseguiram renovar o Fies, o financiamento estudantil, e estão recorrendo a empréstimos bancários. O problema é que, nesse caso, os juros no banco são muito mais altos do que o financiamento que seria pago ao programa do governo.

Não existem no mercado opções com juros iguais aos oferecidos pelo Fies, de 3,4% ao ano. É quase o mesmo que alguns bancos cobram por mês. Com os bancos privados, além de pagar juros mais altos, o aluno tem um prazo bem mais curto para quitar o financiamento. Algumas faculdades estão buscando a parceria de instituições financeiras para tentar uma linha de crédito especial para os universitários.

Março já está terminando e muitos estudantes de faculdades particulares que tinham Fies ainda não conseguiram renovar o financiamento estudantil. A Mayra tentou várias vezes no site do programa do governo e já está desistindo. O jeito vai ser procurar um banco para financiar as mensalidades do curso.

"Eu não tenho condições de estar efetuando o pagamento de uma universidade. Aí, no caso, eu tenho que aderir a um financiamento que seja viável", conta Mayra.

E tem muita gente na mesma situação. Isso porque as regras do Fies ficaram mais restritivas este ano, tanto para alunos quanto para faculdades. O governo ainda estuda outras mudanças para a próxima edição do programa.

Quem não tem condições de pagar uma faculdade particular tem dois caminhos: o ProUni, programa do governo que oferece bolsas integrais ou parciais de estudo, mas que é voltado para alunos de baixa renda, ou procurar um banco ou empresa que ofereça o financiamento. A coordenadora de uma faculdade em Maceió diz que a procura já aumentou.

"No ano passado fechamos com apenas 35 alunos. Para 2015, apenas nesses três meses, esse número já aumentou estamos com 25 alunos. Então já mostra um interesse maior de adesão de utilização desse financiamento ", afirma a coordenadora administrativa Edriene Teixeira.

Mas nas instituições privadas as condições de pagamento são diferentes. No programa do governo, a taxa de juros é de 3,4% ao ano e o aluno tem o prazo de um ano e meio depois de formado para começar a pagar. Nos bancos a taxa é bem maior. Um deles cobra até 2,19% ao mês e sem prazo de carência para começar a pagar.

De acordo com a Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior, 50% dos alunos das faculdades particulares são financiados pelo Fies. Mas a expectativa agora é de que esse número caia bastante por causa das dificuldades que os candidatos estão enfrentando para fazer ou renovar os contratos. Por isso, muitas instituições estão buscando bancos para tentar oferecer o financiamento em condições um pouco melhores.

Uma das empresas especializadas em financiamento estudantil, de São Paulo, diz que já fez 200 parcerias com faculdades que subsidiam 100% ou parte dos juros. Só em janeiro e fevereiro, 40 mil alunos de vários estados, pediram o crédito. Mas nem todos são aprovados. Eles têm que apresentar fiador e já começam a pagar o financiamento enquanto estudam. Pagam por mês, o valor equivalente a metade da mensalidade.

Carolina acabou de fechar um contrato desse tipo. Ela não conseguiu o Fies. Diz que a alternativa foi interessante.

“A metade já é um valor que você pode tentar conseguir pagar. Ao contrário se for ter que pagar o valor inteiro, aí seria mais difícil, você poderia pensar em largar o curso. Mas agora não, agora eu vou ficar mais tranquila porque essa quantidade dá para levar, dá para pagar”, diz a estudante de Pedagogia Carolina de Lima.

As regras mais rígidas para o Fies começaram a valer nesta segunda-feira (30). O MEC vai exigir uma nota mínima de 450 pontos no último Enem e o estudante também não pode tirar 0 na redação.

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