27% das escolas pobres não teriam Fies

Em: 06 Agosto 2015 | Fonte: Estadão

Média dos alunos das unidades está abaixo da rede e não alcançou o mínimo necessário para conseguir Financiamento Estudantil

As escolas públicas que atendem os estudantes mais pobres do País têm uma média 7% menor no Enem 2014 do que a nota geral das redes estatais. Essas unidades são as que têm nível socioeconômico considerado muito baixo ou baixo pelo governo. Das 770 escolas nessas condições, 27% não alcançaram média mínima para que os alunos tenham acesso ao Financiamento Estudantil (Fies).

Com as novas regras do programa federal de financiamento, que passaram a valer neste ano, apenas estudantes que conseguirem média de 450 pontos no exame nas quatro áreas da prova poderão concorrer a uma das vagas do Fies. O programa é voltado para estudantes carentes e vindos de escolas públicas que não podem pagar as mensalidades em instituições particulares de ensino superior.

Na lista das escolas públicas com alunos mais pobres, 210 não conseguiram superar a média de 450 pontos. A maioria (71%) ficou entre 450 e 500 pontos. Somente 13 escolas (2% desse grupo) superaram os 501 pontos. Se considerarmos a média da rede particular (557,98 pontos), nenhuma fica acima.

Os números mostram que essas escolas registraram uma média de 458,92 na parte objetiva da prova. O resultado da rede pública foi de 490,99.

A partir de informações de renda indireta - como bens materiais - e a escolaridade dos pais dos alunos que fizeram o Enem, o Inep chegou a sete níveis socioeconômicos que variam entre muito baixo e muito Alto. A nota mínima no Enem para o Fies foi adotada pelo governo com o objetivo de melhorar a qualidade dos alunos, mas o critério pode atingir os mais pobres. Várias pesquisas indicam de que o nível socioeconômico do aluno, e não só a escola, é um fator preponderante no sucesso escolar.

Apoio. Para a diretora do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a exigência de nota mínima pode elevar o desempenho desses estudantes. “É importante ter algo que puxe a nota dos alunos, que eles tenham um grande desafio para atingir essa nota.” Ela acredita que unidades que não atingem nem a média do Fies devem ter apoio técnico e financeiro dos governos federal e estaduais.

“Estas escolas, de certa forma, estão negando o acesso desses alunos ao ensino superior. E esse aluno, que é de nível socioeconômico baixo, não vai ser admitido em nenhuma instituição. Só pelo Fies.”

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